domingo, 4 de abril de 2010

Escritos Alheios (I)


imagem: William-Adolphe Bouguereau
Biblis (1884)

Aviso ao sapinho da lagoa

Êh, sapinho...
Ficas aí a coaxar sinfonias em meus ouvidos
Não sabes tu o que sinto
Sapinho, sapinho...
Estou de longe a admirar-te
A ouvir-te em teus encantos

Sapinho... Aviso-te,
Um dia pulo daqui
Desço desse largo espaço-tempo que nos separa
Caio em tuas águas
Tiro-te de tua folha segura
Tua âncora, teu cais

Transformo tua água serena de lagoa
Em mar de ressaca
Raios e trovões
Da tempestade de meu desejo

Tiro-te do sossegado de tuas estadias
Da folha-promessa de teu refúgio
Deixo só teu coaxar de refinadas poesias

Abalo-te com meu mar de ressaca
E depois,
Revelo-te meu céu
Calmaria depois de chuva brava
Céu de limpo arco-íris
Flores de flamboyant´s maduras ao entardecer

Entrego-te meus ouvidos, meus sentidos,
Meu aberto, pronto e sutil bem-querer
Para tua doce, refinada e completa sinfonia...
Dou-me...

Conhecerás o tranqüilo irrequieto de meu coração
Doces assustados de meu mel, de minha boca-céu
Funduras azuladas de minhas paisagens
Luas tantas de minha alma e firmamentos meus

Terra arada, pronta pra receber semente
Sedenta de tuas águas
Das tantas lagoas e mares de teu viver

Minhas miudezas escondidas em grandes baús
Meus balões a colorir teu céu...

Mas depois,
Só depois
Que eu te tirar do sossego de tuas águas...


Um comentário:

  1. Bom dia.
    Que belo post. Gostei.
    FOI DESSE JEITO QUE EU OUVI DIZER... deseja uma boa semana para você.
    Beijo grande.
    Saudações Educacionais !

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