quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Poemacanção


Nebulosas de Orion (M42/M43)
Takahashi SKY90 f/4.5 (400mm)+Nikon D70 4,0" res 
Takahashi P2Z exp: 5' (1x300") iso 800 SQM 20.90
http://www.astrosurf.com/carreira/obs2005_10.html 

Você não sabe de nada
não sabe o que é o amor
Você não sabe de nada
não sabe que o amor

o amor é feito de lascas
o amor é feito, fantástico
dois terços de água
dois terços de vodca 
um quarto de prece
dois dedos de perversão

você não sabe de nada
não sabe o que é o amor
Você não sabe de nada
não sabe que o amor

você é feito de vento
eu sou feita de árvore
eu sou feita de leite
sou feita de fábrica

o amor é quase… nada
o amor é quase, mágica 
dois terços de água
dois terços de vodca
um quarto de prece
um quarto de solidão

você não sabe de nada
não sabe o que é o amor
você não sabe
de nada!
não,
não sabe do amor…

(jordannaduarte ®)

domingo, 23 de março de 2014

não há luz no fim do túnel

foto: internet

e quando menos se deseja, já no trilho que em muitos quilômetros viu-se criar paisagens e outros sonhos e tantos sóis, e bem ali, já depois de ter entrado no túnel, circulado montanhas, despenhadeiros, cinzas traiçoeiros das névoas, ali, dentro do túnel, imenso, neste vagão apertado dos limites e circusntâncias, dentro daquela escuridão descobri que não há luz no fim...


   que a vida passou a ser um túnel frio comprido longo e dolorido de ser percorrido
       que me acostumei com as trevas e ressônancias dos trilhos batendo nas paredes de pedra
                     que a vida segue por baixo dos caminhos asfaltados de outra jornada, 
         que o nome da bruxa se fantasia de imaculada, que é aparecida
                       que a vida é subterrânea
                                              que o amor é escuro
               que o amor vagueia sem perguntar se pode, se convém
                                          que o amor gosta de não saber e não se interessa por direito
que a solidão é um contrato de dois estranhos e o que maquinista não olha pra trás
                                 que o túnel é você
                                                                 que o amor somos nós
                                  que o maquinista não sou eu
                                                                          e nem sei onde estou
só me sinto quando há o escuro da noite, mesmo que seja ao meio-dia
que o sonho acaba quando o você sabia e não quis ver aparece batendo na cara
                                                    que eu disse e você não prestou atenção
                           que a condição de túnel sou eu
 que o trilho não é você
                                            e que o contrato começa quando a luz aparece
e que é só o som que vale, que ecoa, que bate nas paredes frias do não possível
                          e que nunca haverá luz para os olhos cansados do ver
       para o coração cansado do nunca ter
                                                          e não haverá luz quando o dia amanhecer
                 e que sempre haverá vida se o infinito túnel permitir.
                           são os apitos do maquinista a me fazer acordar.
e sentir que ainda assim é o vagão apertado do tempo dentro do túnel infinito que me faz querer continuar dentro dele.
                                 e que a luz sou só eu a querer iluminar.

terça-feira, 11 de março de 2014

Poemar

foto: internet

hoje quero poemar
namorar com as palavras
fitando-as de longe
observando seu ir e vir
esperar que me toquem
como pés na areia esperando o beijo do mar
quero de mansinho vagar
sentir o flerte
caminhar mais um pouco
me deixar envolver
quero lavar a alma
no sal grosso da letra
deixar o peso do silêncio
ser levado pelas rimas
mergulhar no profundo do verbo
fazer minha ação
ser graça e contentamento
preservar o dom
deixar as palavras em mar aberto
irem, para longe, desembocar.

jordanna duarte ®

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Pra amares sem fins


foto: Jordanna Duarte - Brasília/DF

sobre um conjunto de concretos e desconhecidos
virtualmente unidos no tempo presente
faziam tanta música, tantos soando ao mesmo tempo que era difícil identificar o tom
mas uma nota e o seu conjunto de harmônicos vibravam diferente
um toque segurando um pouco mais de delicadezas de tempo nas mãos recém encontradas
numa conversa sem muito dizer e o toque permanecendo, ressoando sem que ninguém percebesse, acorde só para o par de ouvidos atentos aquela sutileza
um contato mais tarde, um abraço que não se fez, uma despedida com gosto de chegada,
com vontade de "quero mais isso que nem houve"
e tantos outros toques discados, incompletos, não atendidos
aquele céu invadindo horizontes sem pedir e só reinar, 
a vontade de sol e lago presa numa asa qualquer da cidade decolando sonhos, 
aterrissando aqui para poucas horas em solo e muitas outras de chama,
e mais uma vez outro voo, outro pouso, outras poucas horas e tantas vontades e descompassos 
mas aquela nota e seus harmônicos vez ou outra aparece dizendo que soa bem, soa afinado nas cordas grossas dedilhadas que acompanham um canto qualquer de blues guardado em garrafa pequena de whisky: segredos descobertos à goles
aquela nota grave ressoando harmônicos num ouvido absurdo
transformado em dois, mais do mesmo...
 ...pra amares sem fins...
(o céu de agosto brindava uma esperança displicente)


(®jordanna duarte)