sábado, 21 de abril de 2012

O tempo e suas desmesuras

image by Antonio Dias
in http://olhares.uol.com.br/areia-foto2977960.html
E como contar nos dedos o tempo que se passa?
Que se passa junto, que se passa esperando, que se passa no futuro?
E quantos dedos precisamos pra contar o que se esvai em ternuras?
Quanto tempo é que se tem pra contar os dias que fabricam vidas?
E as histórias? O que são 20 anos passados no limite da cama, no limite do desprazer?
E de quantos anos 20 anos são feitos? E quantos flashes se desenvolvem, quantos backs se acendem?
E o que é a vida de 4 anos aprendendo a escrever?
O que são 4 anos nos deslimites das circunstâncias?
E quantas estrelas contamos na sacada do apartamento? 
Quantas fotos tiramos do tempo que se revela em chuva, na árvore seca de folhas que brota azuis?
E quanto tempo ganhamos nos sonhos?
E qual é o tempo em que o trem antigo para na estação francesa? Quanto tempo ele te espera?
E quanto tempo você tem admirando o paraíso?
E quando o tempo se esvai na procurar que não sai do lugar? Quanto tempo você ganha assim?
E os meus dedos dizem quanto tempo estão a procura dos teus?
E o seu som gasta quanto tempo quando atravessa meu coração?
E o tempo diz qual verdade?
Uma semana num outro lugar é um tempo de se contar em dias?
É um tempo que se guarda em segundos? Perfeito? Eterno?
E o seu dia fora do meu compasso é um tempo sem ritmo?
A minha vida sem seu tempo soa silêncio.
E eu já contei a diferença do tempo entre nós e restou: um tempo que teremos.
A espera de um filho é retida no tempo? E a morte se apaga no tempo?
E a vida se faz com quantos anos? Se refaz agora ou se foi com o tempo em que você não estava presente?
Há cidades que se perdem no tempo. Há homens que se perdem no tempo.
Há homens e mulheres que se fazem no tempo. Há homens e mulheres que fazem o próprio tempo.
Há um tempo que não morre jamais. O tempo da espera silente quando não havia nada mais além de você passando no tempo do intervalo. O tempo da espera que começou abril. Porque o ano só iniciou ali. Não há tempo certo para o início.
E o tempo meu é tempo de espera. Quanto tempo? O meu compasso é regido pela sua figura? De quantos tempos é preenchido meu coração por inteiro? E ele quebra em quiálteras. Síncopes. Contratempos. Alternam tempos fortes e fracos. E eu quero o tempo da expressão. 
Minha música é assim. Você sabe ler, sabe entender. Mas não toque no tempo do metrônomo, este, bate o tempo sozinho, solitário inerte em cima do piano. Controle.
Toque minha música com seu tempo interno. O tempo que te faz o que é e você ainda não sabe-se próprio.
Faça nosso tempo como você faz síntese, como você faz espirais de som.Como você faz aquela rua ser minha. Como você faz o tempo da luz na estação e faz som da deusa babilônica. Você faz tempo!
E espere, que o tempo resolve tudo. 
E dele, fica o cheiro do barquinho a vapor, deslizando no litoral do menino que não quer crescer.
Mas venha, porque é tempo. 
E, porque é o tempo, este irá. 
Sem contar? 
Sem esperar?
Escorrendo pelos dedos?

Nenhum comentário:

Postar um comentário