terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Pra amares sem fins


foto: Jordanna Duarte - Brasília/DF

sobre um conjunto de concretos e desconhecidos
virtualmente unidos no tempo presente
faziam tanta música, tantos soando ao mesmo tempo que era difícil identificar o tom
mas uma nota e o seu conjunto de harmônicos vibravam diferente
um toque segurando um pouco mais de delicadezas de tempo nas mãos recém encontradas
numa conversa sem muito dizer e o toque permanecendo, ressoando sem que ninguém percebesse, acorde só para o par de ouvidos atentos aquela sutileza
um contato mais tarde, um abraço que não se fez, uma despedida com gosto de chegada,
com vontade de "quero mais isso que nem houve"
e tantos outros toques discados, incompletos, não atendidos
aquele céu invadindo horizontes sem pedir e só reinar, 
a vontade de sol e lago presa numa asa qualquer da cidade decolando sonhos, 
aterrissando aqui para poucas horas em solo e muitas outras de chama,
e mais uma vez outro voo, outro pouso, outras poucas horas e tantas vontades e descompassos 
mas aquela nota e seus harmônicos vez ou outra aparece dizendo que soa bem, soa afinado nas cordas grossas dedilhadas que acompanham um canto qualquer de blues guardado em garrafa pequena de whisky: segredos descobertos à goles
aquela nota grave ressoando harmônicos num ouvido absurdo
transformado em dois, mais do mesmo...
 ...pra amares sem fins...
(o céu de agosto brindava uma esperança displicente)


(®jordanna duarte)






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