foto: internet
e quando menos se deseja, já no trilho que em muitos quilômetros viu-se criar paisagens e outros sonhos e tantos sóis, e bem ali, já depois de ter entrado no túnel, circulado montanhas, despenhadeiros, cinzas traiçoeiros das névoas, ali, dentro do túnel, imenso, neste vagão apertado dos limites e circusntâncias, dentro daquela escuridão descobri que não há luz no fim...
que a vida passou a ser um túnel frio comprido longo e dolorido de ser percorrido
que me acostumei com as trevas e ressônancias dos trilhos batendo nas paredes de pedra
que a vida segue por baixo dos caminhos asfaltados de outra jornada,
que o nome da bruxa se fantasia de imaculada, que é aparecida
que a vida é subterrânea
que o amor é escuro
que o amor vagueia sem perguntar se pode, se convém
que o amor gosta de não saber e não se interessa por direito
que a solidão é um contrato de dois estranhos e o que maquinista não olha pra trás
que o túnel é você
que o amor somos nós
que o maquinista não sou eu
e nem sei onde estou
só me sinto quando há o escuro da noite, mesmo que seja ao meio-dia
que o sonho acaba quando o você sabia e não quis ver aparece batendo na cara
que eu disse e você não prestou atenção
que a condição de túnel sou eu
que o trilho não é você
e que o contrato começa quando a luz aparece
e que é só o som que vale, que ecoa, que bate nas paredes frias do não possível
e que nunca haverá luz para os olhos cansados do ver
para o coração cansado do nunca ter
e não haverá luz quando o dia amanhecer
e que sempre haverá vida se o infinito túnel permitir.
são os apitos do maquinista a me fazer acordar.
e sentir que ainda assim é o vagão apertado do tempo dentro do túnel infinito que me faz querer continuar dentro dele.
e que a luz sou só eu a querer iluminar.